Antes de começar a ler, dois alertas se fazem necessários. Primeiro é bom que se saiba que não entendo nada de estufa, além do que mostro aqui. E depois, antes de continuar a leitura, é bom ler o que sei neste post que publiquei no passado: Plantar, colher, comer.
Comecei a fazer estufinhas daquele jeito que aprendi, para multiplicar ervas aromáticas, mas aos poucos fui improvisando, emborcando vidros sobre mudas, depois usando garrafas de água transparentes cortadas ao meio sobre mudas diversas num vaso grande ou encapando um vaso inteiro com plástico quando mudo uma planta de lugar ou tiro do quintal mudas de pitanga, limão, laranja, mexerica e outras frutíferas de um pomar cuspido (como diz Nina Horta).
A estufa prende a umidade e evita a desidratação das folhas pelo tempo necessário até que a planta forme e reforme as raízes e tenha capacidade de seguir em frente sem ajuda. Acontece que com esta coisa de querer plantar na nossa chácara de Piracaia, que ainda não tem uma só flor, comecei a ficar obsessiva em salvar vasos com plantas das calçadas (que iriam para o lixo), fazer mudas e multiplicar tudo o que tenho e o que não tenho - uma ponteira aqui e outra semente ali de uma planta alheia, de uma calçada ou praça, não causam grandes malefícios, afinal.
Claro, poderia ir ao Ceagesp e comprar plantas enraizadas, mas e a graça? O gostoso é ver se aquela semente de tagete vingou, se a ponteira de um hibisco de flor dobrada enraizou, se a alamanda sobreviveu. Eu gosto de abrir os olhos pela manhã e me lembrar que naquele dia haverá novidades no mundo vegetal que vive aqui. E além da graça, tudo isto sai de graça.
No quintal já não havia mais espaço para tantos vasos com garrafas pets emborcadas, então resolvi fazer uma estufa maiorzinha com uma caixa de bacalhau de madeira que comprei há algum tempo, com a ajuda de minha amiga Veronika, no Mercado da Lapa, por cinco reais, mas que pode ser encontrada no Mercadão, por apenas um real.
Neste fim de semana trouxemos de Piracaia vários sacos de entulho que iriam para o lixo. Eram de entulhos, latas, coisas descartáveis e cacos de vidro que vieram grudados a um pouco de terra. Em vez de jogarmos o saco pesado no lixo, resolvemos, Marcos e eu, peneirar dois deles, os mais pesados. Peneiramos tudo e aproveitamos para usar na estufa esta terra, que parecia boa, tinha até minhocas. De quebra, ainda diminuímos o peso e o volume do que foi para o lixo.
Marcos fez uma estrutura para a caixa usando cabos de vassoura que achamos na rua. Comprei plástico para fazer a cobertura e fiz as emendas com grampeador (o melhor é costurar, pois os grampos enferrujam). Forramos a caixa com plástico, cobri o fundo com manta acrílica e colocamos a terra que conseguimos peneirar - caberia mais, mas a ideia era não precisar comprar mais nada. E enfiei ali muda de um tudo, ervas aromáticas misturadas com plantas ornamentai, uma verdadeira floresta.
Algumas, tenho certeza que enraizarão, pelo precedente. Outras são testes e quebras de paradigmas - por exemplo, nunca soube que brotos novos de roseira enraizassem. Nem de primavera ou alamanda. No entanto, estão lá, firmes e fortes, com as folhas vivas. Se vão enraizar, só daqui a uns quarenta dias para saber. Em todo o caso, algumas alporquias também estão sendo testadas. Mas eu prometo contar depois o que deu certo e o que não deu. Por enquanto, sobrevivem no mesmo microclima hortelãs, manjericões, capuchinhas, rosas minhas e roubadas, manacás, iris, sete-léguas, resedás, lavandas, pimentas, hibiscos e tantas outras. Prendi o plástico com elástico e as plantinhas vivem agora tranquilas na garoa.
O passo-a-passo para quem quiser também se aventurar
Nenhum comentário:
Postar um comentário