domingo, 2 de junho de 2013

Transmissão de Áudio pela Internet e Web Rádios

Transmissão de Áudio pela Internet e Web Rádios

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As rádios livres e comunitárias possuem um alcance reduzido inerente ao seu equipamento - transmissores FM de 2 até 200 Watts - o que pode ser um empecilho na formação de uma rede de rádios, prejudicando o intercâmbio entre rádios e culturas. Existe hoje uma solução relativamente barata para este drama, que é colocar o áudio das rádios disponível na internet.

Este texto tem como finalidade guiar o leitor e a leitora à prática da transmissão de áudio pela internet. Ele é destinado a todas as rádios livres e comunitárias que desejam sua programação veiculada na rede ou que necessitam fazer uma cobertura de algum evento em "tempo real".

A versão original e mais atualizada deste texto está emhttp://docs.indymedia.org/view/Sysadmin/WebRadiosPt. Se preferir, baixe uma versão em pdf que está no fim desta publicação. Versão deste texto: 1.76.


Índice





Como usar este documento


Você pode estar recorrendo a esse manual pra aprender os conceitos envolvidos em transmissão de áudio pela internet ou então apenas para colocar uma transmissão "no ar".



  • Se você estiver com pressa, mas não for questão de vida ou morte, pule para a Parte Prática.


  • Se você está com paciência e quer realmente aprender, os pré-requisitos para você entender bem este guia são: noções de sistemas operacionais, internet e áudio analógico/digital.

Agora vamos ao que interessa.

Parte Teórica


Você quer colocar uma rádio online, não é verdade? Existem duas formas mais conhecidas pra fazer isso, a transmissão síncrona e a assíncrona. Antes de começarmos, porém, façamos uma rápida revisão sobre os principais conceitos de áudio analógico e digital. Se você está familiarizado com termos como frequência, taxa de amostragem, amplitude, etc não é necessário ler o que segue e você pode pular para a próxima seção.

Referência rápida sobre áudio digital


Para que nada fique às escuras, partamos do princípio. Esta seção inicial é apenas ilustrativa. Se você achá-la muito complicada, não se preocupe, ela foi escrita apenas para dar uma noção básica de como lidamos com o áudio e sua compreensão não é crucial para fazer uma rádio pela internet.

Som


Afinal, o que é o som? Simplificadamente, o som é uma vibração de um meio material. Por vibração podemos entender como sendo uma onda, que é um ente que transporta uma perturbação de um meio material. No ar, por exemplo, uma perturbação da pressão atmosférica provoca uma onda, devido à elasticidade de suas moléculas chocando-se mutuamente de tal forma que essa perturbação é transportada no espaço. Quando essa perturbação chega ao nosso ouvido ou num microfone, ela causa a vibração das respectivas membranas e ambos convertem essa perturbação da pressão do ar numa equivalente elétrica. Nessa transformação, o meio pelo qual essa onda passou a se propagar bem como sua fenomenologia mudaram, mas a sua essência, que é a informação contida na perturbação - o sinal -, foi preservada.

Representação de um sinal de áudio


Uma maneira de representar esse sinal de informação sonora é por meio de gráficos. Suponha que você está no sofá de sua casa ouvindo alguém tocando sanfona no outro lado da sala. As vibrações do ar chegam até seus ouvidos. Essas oscilações na pressão atmosférica (que nada mais é do que a força que as moléculas de ar aplicam numa área) fazem com que a membrana auditiva de cada um dos seus ouvidos também vibre, e a partir disso um complicado processo de conversão ocorre até que esse sinal chegue bem dentro da sua cabeça de tal forma que você escute o som da sanfona.
Se fizermos um gráfico mostrando como varia no seu ouvido a pressão atmosférica com o tempo, teríamos algo assim:



Esse gráfico significa que no istante de tempo a a pressão atmosférica no seu ouvido valia d e no instante bvalia d. A linha cheia com o aspecto de onda representa o valor da pressão em cada instante de tempo. De fato, esse desenho parecido com uma onda pode ser entendido como uma onda sonora que chega até seu ouvido. Normalmente, a onda sonora não tem um aspecto tão bonitinho e tem o aspecto mais bagunçado, assim:




Captação e conversão de um sinal de áudio


Agora, o que nos interessa é saber como uma onda sonora é sentida pelos equipamentos de áudio (microfone e placa de som) e como essa informação pode ser manipulada.
Como já dissemos, um microfone converte a variação da pressão atmosférica com o tempo em variação da tensão elétrica com o templo. Graficamente, o microfone faria o seguinte:


microfone.jpg

Para cada valor da pressão atmosférica, os fios do microfone apresentam uma tensão elétrica (voltagem) diferente. Conforme a pressão vai mudando com o tempo, a tensão entre os fios do microfone também varia. Esse é o princípio básico de funcionamento da captação de áudio por equipamento eletroeletrônico. O contrário também pode acontecer, isto é, um sinal elétrico de áudio ser convertido em variação da pressão atmosférica (ondas sonoras). Isso tipicamente é feito com o uso das conhecidas caixas de som.

Sinais analógicos e digitais


Chegou a hora de introduzirmos os conceitos mais importantes da seção. Os gráficos que você viu até agora mostram que a cada instante de tempo haviam associada alguma grandeza física (no caso, a pressão atmosférica) associada ao som. Quando o microfone converte essa grandeza física para a tensão elétrica, essa associação é mantida. Os sinais de informação que apresentam essa característica de analogia entre cada instante de tempo e o respectivo valor são chamados de sinais analógicos ou contínuos, pois para todo instante de tempo  um valor da pressão atmosférica no seu ouvido ou um valor de tensão elétrica entre os fios de um microfone.
Os sinais que não apresentam essa característica são chamados de sinais digitais. Esses serão discutidos no próximo tópico.

A Placa de Som


Nada melhor do que um exemplo para ilustrar o que é um sinal digital e como um sinal analógico é convertido em sinal digital (e vice-versa). O equipamento que mais estamos acostumados a lidar para esse tipo de tarefa é a placa de som presente na maioria dos computadores. Uma placa de som nada mais é do que um conversor Analógico/Digital e Digital/Analógico otimizada para sinais sonoros.
Na Parte Prática você verá como ligar um microfone ou outro dispositivo de áudio na sua placa de som. Por hora é suficiente sabermos que um placa de som é um equipamento que funciona conforme o seguinte desenho:



Diagrama 1: Placa de som

O sinal analógico entra na placa e sai convertido num sinal digital, e os sinais digitais que entram na placa saem dela convertidos em sinais analógicos. A conversão de um sinal analógico é feita da seguinte maneira: o sinal que chega até a placa é amostrado em intervalos de tempo fixos (por exemplo, de 1 em 1 segundo) e o valor de tensão elétrica (voltagem) do sinal analógico naquele instante é armazenado em números binários. Aqui aparecem as duas grandes diferenças entre um sinal analógico e um digital: no caso analógico, para todos os instantes de tempo existem associados valores de tensão elétrica, ou seja, o sinal écontínuo. Além disso, esses valores de tensão elétrica (isto é, as informações) são grandezas físicas. Já um sinal digital possui informações apenas para alguns instantes de tempo, ou seja, o sinal é discreto. E mais, o sinal digital existe num formato que independe das grandezas físicas que o contém, já que as informações são representadas utilizando números inteiros e finitos (os dígitos) e não a tensão elétrica ou a pressão atmosférica, por exemplo. Nos sistemas digitais atuais, esses números são manipulados utilizando a base numérica binária (0 e 1), mas essa é outra história...
A discussão anterior pode ter ficado um pouco árida, então aqui segue um desenho para ilustrar as diferenças entre um sinal analógico e outro digital:




Analógico versus Digital


Nesse ponto precisamos de uma pequena reflexão sobre o aparente antagonismo entre os sinais analógicos e digitais e a atual valorização deste último em detrimento do primeiro. Você já deve estar acostumado ou acostumada a ouvir sobre as "maravilhas do áudio digital" ou de que tudo que é digital é superior. Mas será isso verdade? Por que ocorre essa fixação pelo digital?
Não sabemos ao certo o motivo. Historicamente, os sinais digitais ganharam hegemonia pois possuem um controle de erro mais simples para transmissão e recepção de mensagens e as perdas de sinal são praticamente nulas. Mas é interessante notar que, quando um sinal analógico é digitalizado, ocorrem perdas de informação inerentes a esse processo. Esse debate vai longe, principalmente no que diz respeito ao retorno dos computadores analógicos, então deixaremos este tópico para uma outra oportunidade.

Propriedades de um sinal de áudio digital


Para o estudo das transmissões de áudio pela rede, basta que saibamos três propriedades de um sinal digital: seu número de canais, sua taxa e razão de amostragem.
Como você viu nos desenhos, um sinal analógico é digitalizado selecionando apenas alguns trechos do sinal analógico e transformando essa informação em números inteiros. O número de vezes por segundo em que uma amostra do sinal analógico é colhida é chamado de taxa de amostragem (sample rate) e a quantidade de valores numéricos que essa informação pode assumir é chamada de razão de amostragem (bits per sample). Valores usuais para a taxa de amostragem são de 11,025KHz (11025 amostras por segundo),22,05KHz ou 44.1KHz e a razão de amostragem costuma ser de 8 bits16 bits ou 32 bits, lembrando que 1 bit é a menor unidade de informação, que pode assumir apenas dois valores diferentes, 0 ou 1 (verdadeiro ou falso). Um número de 8 bits pode assumir até 256 valores diferentes, ou seja, pode representar até 256 valores de tensão elétrica (o sinal analógico) diferentes. Já um número de 16 bits pode representar até cerca de 65 mil valores diferentes, e assim por diante.
Quanto maiores forem a taxa e a razão de amostragem, mais alta será a qualidade do sinal digitalizado com relação ao sinal analógico original.
Por exemplo, para um sinal digital com taxa de amostragem de 11,025KHz e razão de amostragem de 8 bits possui um 11025 valores de 8 bits por segundo. Já com uma taxa de amostragem de 44100KHz e razão de 16 bits temos, a cada segundo, 44100 amostras podendo cada uma representar 65 mil níveis diferentes de perturbação sonora, o que é mais do que suficiente para pessoas comuns não perceberem que estão escutando um sinal não-contínuo.
Quando você grava um áudio no seu computador, o programa de gravação normalmente armazena todas essas informações num arquivo cujo nome termina com um .wav, por exemplo audio.wav. Esse tipo de arquivo é chamado de Wave File (arquivo de onda), em alusão à ondas sonoras.

Áudio comprimido: MP3 e OGG


Chegou a hora de darmos o pulo do gato. O áudio digitalizado ocupa muita informação. Da discussão precedente, um áudio com milhares de amostras por segundo tendo cada amostra um tamanho de 8 a 32 bits supera em muito a capacidade de armazenamento dos computadores atuais. Armazenar arquivos do tipo wav gasta tanto espaço que você não conseguiria ter muitas horas de música em seu computador. Transmitir essas músicas pela internet, então, nem pensar. Com a velocidade atual das conexões é inviável transmitir tais arquivos.
A solução tecnológica para driblar esse obstáculo foi o advento da compressão dos arquivos de áudio. Da mesma forma que você pode compactar um arquivo num outro de tamanho menor (texto ou imagem), também é possível comprimir arquivos de áudio para tamanhos menores. Isso é feito eliminando do áudio frequências inaudíveis ou pouco audíveis por seres humanos e utilizando métodos de compactação de dados. Um arquivo de áudio comprimido, dependendo de suas características, pode ser mais de dez vezes menor do que o arquivo wav original. É esse tamanho reduzido que possibilita as rádios via internet, que nada mais são do que transferências de arquivos de áudio comprimido, ao vivo ou não.
Os dois formatos de arquivos de áudio comprimidos mais conhecidos são o MP3 e o OGG. O MP3 não é um formato em Copyleft (livre) e já é um pouco antigo, enquanto que o OGG é livre e de maior performance.
Para fazer um arquivo em MP3 ou OGG, é necessário comprimir o áudio original. Para ouvi-lo, é preciso descompactá-lo, e isso é feito através de alguns programas de áudio.
Assim como para o áudio digital do tipo wav tem suas propriedades de amostragem, o áudio comprimido tem sua razão de amostragem (bitrate) em kbps (mil bits por segundo) e quando descompactado também apresenta uma taxa de amostragem de 11,025KHz22,05KHz ou 44.1KHz e valores de bits por amostra (bits per sample) de 8 ou 16.
Um áudio comprimido de boa qualidade tem 192kbps de bitrate, sample rate de 44,1KHz e 16 bits per sample. Para transmitir um arquivo desse tipo em "tempo real" pela internet atual ainda é um pouco complicado, então os valores ideais para uma rádio via internet são bitrate de 16 ou 24kbps, sample rate de11,025KHz ou 22,05KHz e 16 bits per sample.

Metadados


Os arquivos compacatados em MP3 e OGG ainda possuem uma grande facilidade, conhecidas como metadados (ou etiquetas): são ditos metadados por serem informações sobre o áudio como nome da música, nome do artista, álbum, número da faixa, data da gravação. Isso é muito útil por possibilitar que esse tipo de informação não fique restrita apenas ao nome do arquivo. Você pode ter um arquivo de mp3 como o nome birosca.mp3 e mesmo assim ainda armazenar todas essas informações, já que os metadados são guardados dentro do arquivo de áudio e não em seu nome de arquivo. A diante veremos que os metadados são utilizados na transmissão de áudio pela internet para enviar o nome da música aos ouvintes.
Agora que você já está com uma boa base sobre áudio digital, vamos focar no funcionamento das transmissões desse tipo de áudio pela rede.

1 - Transmissão assíncrona


A primeira é a mais simples e é a melhor opção para quem não tem condições de fazer uma rádio ao vivo, mas sim utilizando arquivos de áudio (mp3 ou outro formato pré-gravado e armazenado no seu site). Esse método é conhecido como transmissão assíncrona ou sob demanda.



Diagrama 2: transmissão assíncrona

Na transmissão assíncrona, os áudios são gravados num computador qualquer e em seguida são enviados a um servidor de internet, junto com uma lista contendo o nome desses arquivos. Quem quiser escutar algum desses programas simplesmente utiliza um programa de áudio para solicitar esses arquivos diretamente do servidor.
Esse procedimento é dado em detalhes na Parte Prática.

2 - Transmissão síncrona ou "ao vivo"


A segunda opção para webrádio é um pouco mais complicada e é usada para veicular uma rádio ao vivo pela internet. Pra começar, é preciso de um computador com acesso à internet e uma placa de som.
Note que "ao vivo" não quer dizer no mesmo instante. É inviável ter uma transmissão/recepção instantânea. Primeiro porque, no Universo observável, a velocidade máxima da informação é a velocidade da luz. No caso da transmissão via ondas eletromagnéticas (rádio AM, FM, etc) esse limite é quase atingido, mas no caso da internet existem vários fatores que fazer com que hajam até três minutos de diferença entre a mensagem se enviada e recebida.

Etapas de uma transmissão síncrona


Numa transmissão síncrona, é possível tanto transmitir músicas armazenadas no computador (nos formatos mp3, ogg, etc) quanto veicular áudio externo, que é inserido na transmissão através da placa de som do computador. Nisto constitui a primeira etapa de uma transmissão síncrona: selecionar as fontes de áudio.
Na segunda etapa, o áudio das fontes é comprimido e codificado nos formatos mp3 ou ogg. Em seguida, esse áudio em ogg ou mp3 é enviado ao servidor de webradio.
Do outro lado da transmissão está o computador do ouvinte, que através de um programa reprodutor de áudio se conecta ao servidor de webradio, recebe o áudio e faz com que este seja reproduzido no auto-falante do seu computador.



Diagrama 3: Etapas de uma transmissão síncrona.

Resumindo, podemos dizer que uma transmissão síncrona é equivalente a produzir e enviar pela internet um arquivo de mp3 (ou similar) em tempo real. A cada etapa do processo há um pequeno atraso devido ao processamento dos computadores, à velocidade da conexão, etc, que podem fazer com que o intervalo entre a transmissão e a recepção da informação seja de até três minutos. As seções seguintes tratam de forma um pouco mais detalhada cada etapa da transmissão síncrona.

Como funciona uma transmissão?


Para esclarecer como uma transmissão ao vivo funciona, dividiremos esse assunto em duas partes. Primeiro daremos uma visão geral da relação entre as transmissões, os servidores e os ouvintes (a chamadatopologia dessa rede) e em seguida veremos os protocolos utilizados.

Topologia


A transmissão de áudio pela internet, ou streaming (correnteza), funciona por meio um programa fonte, que envia o áudio para os servidores, que por sua vez enviam a transmissão para os clientes, que são os programas de reprodução de áudio.
Um esquema genérico é reproduzido no diagrama abaixo:



Diagrama 4: Modelo com fontes e servidor

O programa fonte utiliza como fonte de áudio o sinal presente na entrada placa de som e os arquivos da áudio presentes no computador fonte. A mistura desses sinais - a mixagem do sinal da placa de som com os arquivos de áudio - é então comprimida e codificada no padrão mpeg (o padrão mp3) ou ogg. O sinal comprimido é então enviado para os servidores até o servidor de streaming. Um programa fonte pode mandar esse sinal para vários servidores diferentes.
Caso o audio que se quer transmitir vai ser captado pela entrada da placa de som, ele precisará ser codificado para um formato digital com taxas de amostragem e qualidade definidas e caso o audio venha de um arquivo digital já presente em disco ou de um outro stream, este terá de ser codificado/convertido para as taxas de amostragem e qualidade definidas, logo, utilizaremos neste Manual a nomenclatura "encoder" para se referir ao software que irá prover o audio para o servidor. No caso do áudio digital que você estiver transmitindo tiver taxa de amostragem e qualidades diferentes dos da sua transmissão, o encoder fará a conversão desses atributos para que o áudio possa ser transmitido. Consulte a seção Referência rápida sobre áudio digital para maiores informações.
Voltando ao diagrama, vemos que um servidor de streaming pode receber várias transmissões provenientes de diferentes fontes ao mesmo tempo.
No outro lado, vemos que um servidor pode enviar transmissões simultaneamente para mais de um cliente. Repare que o cliente 1 pode escolher receber a transmissão do computador 1, do computador 2 ou de qualquer outro que esteja transmitindo. O mesmo acontece para o cliente 2 e para todos os outros clientes que estiverem conectados no servidor.
Existe caso especial do diagrama acima, quando o computador fonte também é o servidor. Esse tipo de configuração não é recomendável.

              computador fonte e servidor  
               __________________________
              |___________   __________  |  internet
              |           | |          -->-->-->-->--> cliente 1
toca discos ->| programa  | | programa | |  
cd player   ->|           -->          -->-->-->-->--> cliente 2
toca-fitas  ->|  fonte    | | servidor | |    ...
              |___________| |__________-->-->-->-->--> cliente n
              |__________________________|

   Diagrama 5: Modelo com fonte e servidor na mesma máquina


Primeiro, porque cada cliente consome um pouco da conexão do servidor à internet. Normalmente os locais de onde se vai fazer a transmissão não tem acesso à internet rápida o suficiente para distribuir o sinal para muitos clientes. Um servidor com uma conexão de 128kbps, por exemplo, suporta enviar um áudio de 24kbps para no máximo 5 clientes, um número muito baixo.
Mesmo se a sua conexão for muito rápida, ainda assim não é recomendável utilizar um computador simultaneamente como fonte e servidor. Um programa fonte consome muito processamento do computador, às vezes o suficiente para inviabilizar o envio do sinal para muitos clientes. Por outro lado, um computador que apenas é servidor de áudio quase não gasta em termos de processamento, pois tudo que ele tem de fazer é reenviar aos clientes o sinal recebido pelas fontes.
Por esses motivos existem servidores dedicados, com banda suficiente para abrigar muitas fontes e muitos clientes. Resumindo, esse tipo de configuração equilibra os recursos da rede de webrádios, deixando o processamento computacional no lado das fontes e a capacidade de transmissão do lado dos servidores.
Cabe aqui a observação de que existem inúmeras outras formas de se fazer uma rede de webrádio, mas essa configuração é a mais viável onde existem poucos servidores com conexão muito rápida.
Algo que é possível de se fazer é utilizar um esquema cliente e servidor num computador com pouca conexão transmitindo para vários servidores também com conexão não muito rápida com a internet. Estes então transmitem o áudio para os ouvintes, possibilitando que se faça transmissões pela internet sem precisar de conexão extremamente rápida.

Protocolo


A seguir temos uma rápida discussão sobre os protocolos de comunicação usados na internet que pode parecer um pouco sem sentido no contexto de um guia rápido sobre transmissão de áudio. No entanto ela contém informações de base para o entendimento da própria rede de computadores. A leitura desta seção é recomendada, mas se você estiver com preguiça pode pulá-la tranquilamente ou então só deixar de ler os próximos dois parágrafos.
Protocolos são os métodos pelos quais convencionamos fazer as coisas. No tocante à computação, os protocolos referem-se a como programas ou computadores conversam entre si. A internet fundamenta-se na fusão de protocolos conhecida como TCP/IP (Transfer Control Protocol / Internet Protocol). O protocolo resultante é utilizado em redes onde vários computadores conversam entre si ao mesmo tempo. Resumidamente, cada computador possui um número único, o número IP. As informações intercambiadas entre os computadores são divididas em pacotes e cada pacote é "jogado" na rede. Cada computador que recebe verifica se o pacote foi endereçado para si e caso negativo ele passa o pacote para frente, até que este chegue ao seu destinatário. Existe ainda um avançado esquema de controle, checagem de erro e verificação de recebimento de pacotes. Ou seja, o TCP/IP é apenas um protocolo que cuida para que a informação seja transmitida de um computador para outro até chegar a seu destinatário e informar ao computador emissor se a mensagem chegou ou se houve algum erro. Chamemos esse tipo de protocolo deprotocolo de transporte, pois ele só trata da transferência de dados de um computador para outro.
Para que os computadores possam conversar ainda é preciso definir outro protocolo, um "idioma" que seja transmitido via pacotes TCP/IP, que é apenas um protocolo de transporte. Existem vários protocolos deste tipo, como o FTP (File Transfer Protocol ou Protocolo de Transferência de Arquivos), o HTTP (que veremos adiante, o HTTPS (HTTP Seguro) e muitos outros mais. Chamemos estes de protocolos de conversa ou idioma. O TCP/IP permite que um mesmo computador converse ao mesmo tempo com vários outros computadores em vários desses idiomas ao mesmo tempo. Isso é possível graças aos números conhecidos como portas. Funciona da seguinte maneira: para cada protocolo de conversa o TCP/IP reserva uma porta, que nada mais é do que um número. Quando um programa de computador de uma máquina deseja conversar com outra em HTTP, esse programa coloca no pacote TCP/IP o número da porta específica a esse protocolo (que por convenção é o número 80 para o HTTP). A seguir esse pacote de informação "cai" na rede e quando chega ao seu destino ele é enviado ao programa responsável pelo programa que conversa naquele idioma de acordo com o número da porta, que nesse exemplo é a 80 para o HTTP. A relação entre o número da porta e o respectivo protocolo (ou serviço oferecido) tem uma padronização que é muito útil para a intercomunicação entre computadores. Por exemplo, se um programa de FTP quiser conversar com outro computador, ele tentará logo de cara a porta 21. Se for HTTP, ele tentará 80. Isso não limita, por exemplo, utilizarmos HTTP em outras portas, como veremos adiante.
O que discutimos até aqui é o funcionamento básico da internet. Numa transmissão de áudio, o sinal é transmitido pela internet através do protocolo HTTP (Hypertext Transfer Protocolo), o mesmo protocolo usado pelos navegadores para transferir arquivos na Web. Como o próprio nome diz, inicialmente esse protocolo foi criado para a transferência de arquivos de Hipertexto do tipo HTML da forma como você o utiliza quando navega em sites, mas dada a sua simplicidade e eficiência ele seu uso foi estendido para a transferência de qualquer tipo de arquivos e inclusive áudio e vídeo. Na Internet, protocolo HTTP é totalmente dependente do TCP/IP, pois a conversa entre os computadores no "idioma" HTTP é transmitida através de pacotes TCP/IP.
Aqui é suficiente para nós sabermos que no HTTP só existem duas conversas (também chamadas de métodos) possíveis entre dois programas ou dois computadores: o método de receber informações (métodoGET) e o método de enviar, ou POST.
Já o método POST é utilizado quando você preenche um formulário nalgum site. Desta vez, é você que envia informações e o programa do site apenas recebe.
Para o caso de um áudio pela internet, o protocolo pode ser tranquilamente usado: o computador que faz a transmissão utiliza continuamente um método POST e os computadores dos ouvintes continuamente utilizam o método GET para receber a transmissão diretamente do servidor. O HTTP normalmente é usado na porta 80 para a navegação em sites e na faixa de portas que vai de 8000 a 8100 para a transmissão de áudio.
Resumindo o que foi dito até aqui, os computadores comunicam-se por protocolos de conversa que trafegam de um lugar para outro utilizando um protocolo de transporte, ou seja, um protocolo é encapsulado dentro do outro. Na prática, se você quiser acessar um computador na internet, você precisa dizer ao seu computador qual é o número IP do computador alvo e qual protocolo utilizar. Mas existem milhões de computadores na internet, e consequentemente milhões de números IP, então como saberei o número do computador que quero acessar?
A resposta é que você não precisa ficar sabendo qual é o número do computador que você quer acessar. Normalmente quando você navega pela internet, você contacta outros computadores utilizando nomes, como www.midiaindependente.org. Ao fazer isso, seu computador consulta um servidor de nomes. Um servidor de nomes é um computador especial que contém uma tabela de nomes de computadores e respectivos números IP. Seu computador pergunta qual é o número IP do computador que possui determinado nome e o servidor de nomes consulta seu banco de dados, enviando de volta a você o IP desejado. Em seguida, seu computador pode efetuar a conexao com seu destino utilizando apenas o IP e o protocolo, de acordo com o que foi explicado nos parágrafos anteriores. Isso tudo é feito de forma transparente ao usuário. Existem vários servidores de nome espalhados pelo mundo. Normalmente você utiliza o servidor de nomes que está mais próximo do seu computador.
Resta-nos uma observação sobre o esquema de endereços utilizado na Internet, também conhecido comURL (Uniform Resource Locator ou Localizador Uniforme de Recursos). Quando você quer acessar um site, você costuma digitar algo do tipo http://www.qualquercoisa.seilaoque.org. Esse http avisa o seu navegador para se conectar ao www.qualquercoisa.seilaoque.org usando o protocolo HTTP. Quando isso acontece, o navegador conversa com o programa do site www.qualquercoisa.seilaoque.org e pede para receber o arquivo index.html. Enquanto o navegador recebe esse arquivo ele vai desenhando-o na tela. Se existe um link para o http://www.qualquercoisa.seilaoque.org/links.html, o navegador pede ao programa do site para receber o arquivo link.html. E assim você navega pela internet! É bom lembrar que os caracteres ://podem ser entendidos como os separadores do endereço. O que vem antes desses caracteres é o protocolo e o que vem depois é o endereço. Existe ainda a possibilidade de especificar a porta que será usada pela conexão. Veja o esquema completo:

    .--------------------------------> protocolo
   /         .-----------------------> endereço do site
  |        /           .-------------> porta 
  |       |           /       .------> nome de arquivo ou diretório
  |       |           |      /
prot://nome-do-site:porta/nome

Exemplos de URLs (endereços) são:


O que foi passado nessa seção já é suficiente para compreender o princípio de como não só as transmissões de áudio mas todas as transmissões de dados pela Internet são feitas.

Buffer


As transmissões de áudio em tempo real tem a séria desvantagem de serem suscetíveis ao congestionamento da rede, já que o ouvinte precisa receber dados da transmissão o tempo todo. Para contornar esse problema, os softwares de transmissão e recepção adotaram um sistema de buffer, um armazentamento que funciona como uma memória contra congestionamento da rede, onde o tocador de áudio recebe alguns segundos da transmissão antes de começar a tocar. Dessa forma ele sempre terá armazenado alguns segundos e caso a transmissão interrompa temporariamente a música não precisa parar.

Listagem de diretório


Uma vez que uma transmissão de webradio começa, as informações sobre ela podem ser enviadas para um serviço de Páginas Amarelas (Yellow Pages), sites que funcionam como uma listagem de diretório que exibem informações sobre cada rádio e ainda um link para escutá-las, possibilitando que sua transmissão seja automaticamente divulgada num local específico.
Exemplos de páginas amarelas são os mantidos pelos projetos IcecastOddsock e SHOUTcast. Para que um streaming seja listado nas páginas amarelas, é preciso que o servidor esteja configurado para isso.

Envio dos metadados


Além dos metadados dos arquivos de áudio que são tocados, uma transmissão pode ainda ter seus próprios metadados, como nome da rádio, estilo, qualidade, quantos ouvintes estão recebendo a transmissão, etc. Estes dados são exibidos nas páginas amarelas e alguns deles também são recebidos por quem está escutando a rádio.

Resumindo...


Agora vamos resumir, numa linguagem mais técnica, o que vimos até agora: quando falamos em "Streaming de audio" estamos nos referindo a uma transmissão de audio utilizando uma rede TCP/IP através do protocolo HTTP. Na técnica de streaming abordada aqui são utilizadas três instâncias de software para termos o streaming realizado: um programa cliente que irá prover o audio a ser transmitido, o servidor que irá servir o(s) stream(s) e um player para poder reproduzir o stream.
Agora, tendo uma base de áudio digital, de internet e do esquema cliente/servidor de rádios pela internet, podemos saltar para a Parte Prática!

Parte Prática


Esta seção contém informações de como ouvir uma transmissão de áudio pela internet, de como fazer uma transmissão assíncrona (ou seja, só com áudio pré-gravado) e de como fazer uma transmissão ao vivo. Todos esses tópicos abordam o uso de programas de computador que rodam nas plataformas GNU/Linux e Windowz.

Nota sobre Sistemas Operacionais


Antes de descrevermos como ouvir ou transmitir áudio pela rede, segue um pequeno esclarecimento.
Pra fazer ou escutar uma transmissão, encorajamos muito para que seja utilizado software livre. O GNU/Linux tem plena funcionalidade para transmissão de áudio em "tempo real". Alguns motivos para utilizar o Linux ao invés do Windows:

  • O GNU/Linux é livre


  • Estabilidade: Se você pretende fazer transmissões durante dias seguidos, é importante estar rodando um sistema operacional estável. O Windows é bem conhecido por não conseguir ficar muitos dias rodando sem travar. Seja sensato.


  • Administração remota: com o Linux você pode controlar remotamente o computador que está fazendo a transmissão, e isso é ideal quando o computador que está fazendo a transmissão está num local distante.

Existem três distribuições de Linux muito fáceis de instalar e de usar, muito fáceis mesmo. Se vocês tem uma boa conexão com a internet e um gravador de cd, é só baixar uma dessas distribuições:

((i))ndymix e Sistemão


O Indymix é uma distribuição de Linux desenvolvida pelo Time Técnico do CMI Brasil, tendo como um dos seus objetivos fornecer um sistema operacional plenamente adaptado à produção de multimídia. O Indymix já vem com os programas necessários para transmissão de rádios pela internet. Mais informações sobre o Indymix aqui.
Já o Sistemão é uma distribuição de GNU/Linux baseada em Debian feita para ser usada tanto para telecentros quanto para o usário doméstico. O Sistemão também já vem com os programas de streaming instalados. Mais detalhes na documentação do Sistemão.

DeMuDi


É uma outra distribuição de GNU/Linux feita especialmente para lidar com áudio e possui vários programas para sequenciamento e gravação de som.

Dyne:bolic


É uma distribuição de linux feita para grupos e pessoas que mexam com comunicação em geral. Ele já vem com software pra transmissão de áudio e mp3. A configuração mínima pra rodar o dyne é uma máquina com 64Mb de RAM. Ele vem num arquivo uns 600MB e pode ser baixado nesse endereço:
ftp://ibiblio.org/pub/Linux/distributions/dynebolic
(é só baixar esse arquivo, gravar o cd como "imagem" e reiniciar seu
computador). O dynebolic não precisa ser instaladas no computador: é só colocar o cd no driver e reiniciar sua máquina. Recomendamos o Dynebolic apenas para usuários que já tenham algum contato com a plataforma Linux.
Para maiores informações, consulte nosso Tutorial de Linux.

Sou cabeça-dura e tenho preguiça


Se por algum motivos você quiser fazer com Windows (tem louco pra tudo, não é verdade?), ou se se você encontrar dificuldades com o Linux, apele pro Oddcast, pro SHOUTcast ou pro m3w, ambos programas que funcionam em conjunto com o popular Winamp. Numa emergência, não perca tempo estudando algo que você não conhece: utilize o que você já tem em mãos.

Como ouvir uma transmissão pela internet


Você pode ter recorrido a esse manual apenas para descobrir como ouvir aquela rádio que você tanto gosta. Claro, isso é o mínimo que se espera desse manual. Então aí vai.
Para se ouvir um áudio pela internet, é necessário pelo menos um:

  • 486DX4 100MHz
  • 12Mb de memória
  • Placa de som de 16 bits

É necessário também um conexão com a rede de pelo menos 33.6kpbs para se poder ouvir uma trabsmissão de qualidade mediana (24kbps).
Se você não entendeu nada do que está escrito aqui, não se preocupe. Se o seu computador foi fabricado depois de 1997, provavelmente você conseguirá usá-lo para ouvir rádios via internet.

Endereços


Certo. Seu computador deve dar pro gasto. Agora vamos falar sobre como se acessa uma rádio online e em seguida falaremos dos softwares que você usará para isso. Existem duas formas de se acessar uma rádio pela internet utilizando qualquer um dos programas de áudio disponíveis. A primeira consiste em acessar a transmissão diretamente pelo seu endereço; a segunda forma é utilizar uma arquivo playlist (lista de reprodução).

URL


Como dito na seção Protocolo, os endereços de qualquer coisa na internet seguem uma certa sintaxe. Para o caso de uma rádio pela internet, o endereço será algo assim:

    .-----------------------------> protocolo
   /         .--------------------> endereço do servidor
  |        /        .-------------> porta 
  |       |       /        .------> ponto de montagem
  |       |      |       /
http://servidor:porta/mountpoint

Por exemplo, a transmissão da Rádio Muda tem o endereço http://orelha2.radiolivre.org:8080/muda
ATENÇÃO: não tente abrir esse endereço no seu navegador! Apesar de parecer, esse não é o endereço de um site.
http é o protocolo a ser usado para recebermos a transmissão. O campo servidor é o nome do computador onde está o servidor de rádios. No caso da Rádio Muda, o servidor é orelha2.radiolivre.org. Aporta é o número usado para a transmissão de áudio ao vivo, que no caso da Muda é 8080. Normalmente as portas utilizadas para webradio estão na faixa de 8000 a 8100.
Já O mountpoint, ou ponto de montagem, é uma espécie de arquivo áudio que conterá a sua transmissão. Cada rádio que transmite no mesmo servidor tem um ponto de montagem diferente. Por exemplo, a transmissão da Rádio Xiado pode estar no http://orelha2.radiolivre.org:8080/xiado ao mesmo tempo que a da Muda estiver no http://orelha2.radiolivre.org:8080/muda
Assim, para escutar uma transmissão você precisa digitar o endereço no seu programa de áudio.

Playlist


Uma alternativa ao uso dos endereços das transmissões de áudio são as listas de reprodução, ou playlists. Ao invés de deixar no meu site um link pra http://orelha2.radiolivre.org:8080/muda que obrigaria o usuário a abrir seu programa de áudio e entrar manualmente com este endereço, simplesmente deixo um link pra um arquivo muda.m3u. Dentro desse arquivo coloco apenas a linha

http://orelha2.radiolivre.org:8080/muda

Normalmente existe uma integração entre o seu navegador e o programa de áudio. Quando você está no navegador e clica num link para um arquivo m3u, seu navegador pode automaticamente abrir seu programa de áudio e enviar esse arquivo para ele. O programa de áudio então abre o muda.m3u e abre o endereço de está dentro dele. Alternativamente, seu navegador pode perguntar a você o que fazer com esse arquivom3u:


abrir-playlist.jpg

Nesse caso, tudo o que você precisa fazer é selecionar para qual programa seu navegador deve enviar esse arquivo e em seguida clicar em Abrir.
Não é mais fácil do que ter que digitar o endereço da transmissão diretamente no programa de áudio? Uma outra vantagem do uso de listas de reprodução existe para que faz a transmissão: se você mudar de servidor para transmitir sua rádio, os ouvintes não precisam ficar sabendo disso: basta colocar na playlist o novo endereço de transmissão e pronto!
As vantagens das playlists não param por aqui. Como o próprio nome diz, uma playlist é uma lista de reprodução. Você pode colocar mais de um endereço de transmissão nessa lista e até mesmo endereços de arquivos mp3!
Por exemplo, um arquivo playlist pode conter as linhas:

http://orelha2.radiolivre.org:8080/muda
http://orelha2.radiolivre.org:8080/submidia
http://orelha2.radiolivre.org:8080/interferencia
http://www.radiolivre.org/sites/radiolivre/files/radiolivre.mp3

Quando seu programa de áudio abre uma lista de reprodução, ele abre o primeiro endereço e deixa os seguintes numa fila. Se por acaso da transmissão da Muda não estiver rolando, o programa passa para o próximo da fila (no nosso caso, a transmissão do Submídia). Se nenhuma das transmissões estiver rolando, ele vai tentar abrir o arquivo radiolivre.mp3. Fazendo uma lista desse tipo previne que uma transmissão fique "fora do ar".
Voltando à questão das listas de reprodução, existem dois formatos (tipos de arquivo) mais utilizados para uma playlist, o m3u e o pls. Apesar do formato pls ser mais completo que o m3u, ele não pode ser considerado como um formato livre (no sentido de software livre) e por essas razões encorajamos que apenas o formato m3u seja utilizado. O formato pls fica citado aqui apenas como curiosidade.
Avancemos agora para os programas de reprodução de áudio.

Programas para ouvir rádios no Linux


Para o Linux, destacaremos o uso do XMMS e do Zinf, dois programas muito fáceis de utilizar. O XMMS tipicamente vem instalado na maioria das distribuições de Linux. Já o Zinf tememos que tenha de ser instalado manualmente.

Zinf


O Zinf é um programa reprodutor de áudio muito interessante, já que ele funciona tanto em ambient Linux quanto Windows, ou seja, se você sabe usar o Zinf você também sabe usar no Windows. Você pode baixá-lo a partir do endereço http://www.zinf.org


zinf1.jpg

Seu uso é muito simples. Se você tem o arquivo m3u correspondente à transmissão da rádio que você quer ouvir, basta clicar em Files e selecionar o arquivo m3u.
Se você não possuir esse arquivo m3u mas souber qual é o endereço da transmissão, clique em My Music. Aparecerá uma janela contendo a sua lista de suas músicas.


zinf2.jpg

No lado esquerdo há a seção My Streams. Clique aí com o botão direito do seu mouse. Aparecerá um menu e você clicará em Add stream.


zinf3.jpg

Na janelinha que aparecer, escreva o nome da rádio no campo Title e o endereço da transmissão no campoURL. Dê OK


zinf4.jpg

Aparecerá, na listagem de suas músicas, um atalho para a transmissão. Basta clicar lá duas vezes para que a transmissão comece!

XMMS


O XMMS (X Multimedia System) é um clone para Linux do Winamp. É um programa feito para ouvir arquivos de áudio, tanto aqueles que se encontram no seu computador quanto os que estão nesses servidores de stream. O XMMS geralmente já vem instalado na maioria das distribuições de Linux.


xmms.jpg

Para ouvir uma transmissão de áudio pela internet com o XMMS, clique no menu principal (que é um pequeno botão no canto superior esquerdo da janela) e depois em Open Location. Em seguida digite o endereço da transmissão. Você também pode digitar ao mesmo tempo as teclas Ctrl e L que a janela Open Locationtambém deve aparecer. Na imagem acima, o botão do menu está em vermelho.


xmms2.jpg

Se a transmissão for disponibilizada através de uma playlist do tipo m3u ou pls, basta clicar, a partir do seu navegador de internet, sobre o respectivo link. Por exemplo, é só clicar emhttp://www.midiaindependente.org/cmibrasil.m3u que o XMMS deverá abrir e tentar baixar a transmissão a partir do endereço contido nesse arquivo. Ou então clique no botão de abrir arquivos (que parece um botãoEject de toca-cds) e selecionar o arquivo m3u, caso este tenha sido salvo por você no seu computador.

Programas para ouvir rádios no Windows


No Windows, recomendamos que você use o Zinf ou o Winamp. Ambos podem ser instalados facilmente no seu computador.

Zinf no Windows


O Zinf é um programa reprodutor de áudio muito interessante, já que ele funciona tanto em ambient Linux quanto Windows, ou seja, se você sabe usar o Zinf você também sabe usar no Windows. Você pode baixá-lo a partir do endereço http://www.zinf.org
Como o uso do Zinf no Windows é semelhante ao seu uso no Linux, veja na seção Usando o Zinf no Linuxcomo escutar uma transmissão pelo Zinf no Windows.

Winamp


O Winamp é um programa feito para ouvir arquivos de áudio, tanto aqueles que se encontram no seu computador quanto os que estão nesses servidores de stream.
O Winamp pode ser baixado de http://www.winamp.com e uma vez instalado é só clicar no menu principal (que é um pequeno botão no canto superior esquerdo da janela), depois em Open Location e em seguida digitar o endereço da transmissão. Você também pode digitar ao mesmo tempo as teclas Ctrl e L que a janela Open Location também deve aparecer.
Se a transmissão for disponibilizada através de uma playlist do tipo m3u ou pls, basta clicar, a partir do seu navegador de internet, sobre o respectivo link. Por exemplo, é só clicar emhttp://www.midiaindependente.org/cmibrasil.m3u que o Winamp deverá abrir e tentar baixar a transmissão a partir do endereço contido nesse arquivo. Ou então clique no botão de abrir arquivos (que parece um botãoEject de toca-cds) e selecionar o arquivo m3u, caso este tenha sido salvo por você no seu computador.

Real Player


Nós não encorajamos o uso do Real Player. Apesar dele ter suporte à recepção de streaming de mp3, a Real.com não possui uma política muito compatível com a filosofia do Software Livre. Apesar de alguns componentes, como o Helix DNA Server serem distribuídos como Software Aberto, outras partes são comercializadas.

Como fazer uma transmissão


Nesta seção você aprenderá a como fazer tanto transmissões de áudios pré-gravados quando uma transmissão ao vivo.

1 - Transmissão assíncrona (pré-gravada)


Conforme dito na seção Transmissão Assíncrona da Parte Teórica, uma transmissão pré-gravada utiliza arquivos de áudio armazenados nalgum computador.

Gravando o áudio


Antes fazer sua rádio pré-gravada, é preciso gravar o áudio. Para isso você precisará de, no mínimo, um computador com placa de som e um microfone. Para gravar o áudio, sugerimos que você utilize o programa Audacity, que pode ser baixado a partir de http://audacity.sourceforge.net
O Audacity é um programa que funciona tanto em Windows, Linux ou MacOSX. Não descreveremos os detalhes de como fazer as gravações com esse programa, mas você deve encontrar bastante informação de como fazer isso no próprio site do Audacity.
Recomendamos apenas para que você salve seus arquivos de áudio nos formatos mp3 ou ogg usando apenas 1 canal (monofônico) e taxa de 16 a 24kbps, para que os arquivos fiquem pequenos o suficiente para serem baixados sem dificuldade pelos ouvintes.
Sinta-se à vontade para usar o programa de gravação de áudio de sua preferência. Aqui fica apenas uma sugestão. O importante é deixar o áudio com uma qualidade de gravação relativamente baixa (16kbps mono) para que ele ocupe pouco espaço e possa ser baixado rapidamente.

Enviando o áudio para o servidor


O próximo capítulo na história de uma rádio pré-gravada é enviar os áudios para o servidor. Isso pode ser feito da mesma maneira pela qual você usualmente envia os arquivos para o seu site, que pode ser via FTP,HTTP (pelo navegador web) ou via SSH. Em caso de dúvidas nisso, contate as pessoas responsáveis pelo servidor onde está o seu site.

Criando sua rádio


Considerando que você já gravou os áudios e já os enviou para o seu site, só falta juntar o endereço de todos esses arquivos numa única lista, um endereço de arquivo por linha. Essa lista deve ser um arquivo com extensão .m3u (biboca.m3u, por exemplo) que contenha os arquivos a serem executados, um por linha.
Por exemplo, o arquivo pode consistir das seguintes linhas:
http://biboca.sampa.org/campanhas/educacaoalimentar.mp3

http://biboca.sampa.org/campanhas/direitodasmulheres.mp3

http://biboca.sampa.org/campanhas/funk.mp3
É importante que cada linha contenha o endereço completo do arquivo. Colocar simplesmente funk.mp3 ao invés de http://biboca.sampa.org/campanhas/funk.mp3 não vai funcionar, já que nesse caso programa de áudio do ouvinte tentará acessar o arquivo funk.mp3 a partir do computador do ouvinte, e não do site do biboca. Para maiores detalhes de como funciona essa lista, consulte a seção Playlist.
Em seguida, depois de ter criado a playlist, tudo o que vocês precisam fazer é divulgar o endereço da rádio de vocês, que deverá ser algo do tipo http://biboca.sampa.org/radio/biboca.m3u caso vocês coloquem o arquivo biboca.m3u no diretório radio do site.
Para que isso funcione, não esqueça de contatar o administrador do seu site perguntar a ele se os seguintesMIME types estão presentes nas configurações do servidor web:

audio/x-mpeg .mp3
audio/x-mpegurl .m3u

Lembre-se de coloar os metadados de cada arquivo mp3 ou ogg, que assim a cada música que tocar na rádio o ouvinte receberá em seu tocador o respectivo nome, artista, etc.

Como ouvir essa rádio


Uma vez que você fez todo esse procedimento, basta seguir as instruções de Como ouvir uma transmissão pela Internet para testar se a sua rádio está funcionando.


2 - Transmissão ao vivo


Na transmissão ao vivo, o áudio que toca na sua placa de som é enviado em "tempo real" para um servidor de webrádio e de lá distribuído na hora para todos os ouvintes. No próximo tópico você verá o procedimento geral de como fazer uma rádio pela web e em seguida daremos um pouco mais de detalhamento.

Transmissão ao vivo em 10 minutos


Aqui vai um pequeno e rápido roteiro pra fazer uma webrádio em alguns minutos, sem se perder com considerações teóricas.
1) Você precisará de computador, placa de som e conexão à internet
2) Você tem que decidir que tipo de rádio será a sua. Será só de mp3? Será mp3 + áudio externo (toca-discos, mixer, microfone, etc)?
3) Se a rádio tiver áudio externo, você deve ligá-lo à placa de som com cabo de áudio. Se você tem um microfone, mesa de som ou outra fonte de áudio, ligue-a na entrada de linha (line in) da placa de som.
4) Ajuste o volume do som do seu computador utilizando um controle de volume.
5) Teste fazer uma gravação de áudio no computador com o programa que você costuma usar, apenas para saber se a placa de som está funcionando corretamente.
6) Em seguida, você precisará de um programa de webrádio e os dados do servidor para o qual você vai mandar o sinal. Você precisa das seguintes informações sobre o servidor:
a) endereço do servidor

b) porta da conexão

c) tipo de servidor

d) ponto de montagem

e) senha
7) Além disso, você precisa saber qual será a qualidade do áudio da sua transmissão. para que ele não fique muito pesado pra baixar, sugiro algo como 16kbps Mono ou 24kbps Mono.
8) Agora escolha qual programa você usará. Aqui listamos as possibilidades:
a) Se você usa Linux, tente primeiro o Darkice/Darksnow

b) Se você usa Linux e achou o Darkice dificil, tente o Oddcast

c) Em último caso, se você usa Linux tente o MuSE
d) Se você usa Window$ e não pretende utilizar músicas em mp3 na sua transmissão, use o m3w

e) Se você usa Window$ e quer utilizar arquivos de mp3, use o Oddcast

f) Em último caso, use o SHOUTcast, que é muito limitado quanto aos tipos de servidor que ele suporta.
9) Se você não tem um servidor para sua rádio, não se desespere! Em muitos casos, é possível encontrar servidores livres na Internet que permitem que você envie seu stream para ele servir. Nesse caso, para se realizar o stream só é necessário ajustar o encoder para transmitir para esse servidor, poupando a parte da configuração do servidor.
Não é o objetivo deste manual indicar quais são os provedores e sites que oferecem o serviço de transmissão por áudio via internet. Isso você terá de fazer por conta própria ou então dar uma olhada na seção Montando um servidor de Webradio. Lembre-se que se sua rádio tiver poucos ouvintes e sua conexão é de banda larga, então muito provavelmente você poderá rodar seu próprio servidor. Você pode inclusive rodar vários servidores em conexões diferentes para distribuir o uso da bada, e com isso ser capaz de suportar mais ouvintes.
10) Como instalar e configurar cada um desses programas pode ser visto nas seções específicas. O que é importante você saber é quais são as opções de servidor existentes.
a) Endereço do servidor: pode ser qualquer coisa, tipo http://provedor.radios.net

b) Porta da conexão: normalmente fica na faixa de 8000 a 8100

c) Tipo de servidor: pode ser ShoutcastIcecast ou Icecast2

d) Ponto de montagem: esse será o arquivo em que sua transmissão será acessada pelos ouvintes. Normalmente pode ser qualquer nome escolhido por quem faz a transmissão. Por exemplo, se o seu ponto de montagem for minharadio, seu servidor for http://meu.servidor.net e a porta for 8000, possivelmente sua transmissão será http://meu.servidor.net:8000/minharadio

e) senha: bom, pode ser qualquer coisa... o administrador do servidor deverá passá-la pra você.
Consulte o administrador do servidor para saber quais as informações você precisa.
11) Configure seu programa de acordo com suas especificações, com os dados do servidor e com a qualidade do áudio desejada (16 ou 24kbps Mono). Depois, é só se conectar ao servidor e enviar o endereço da sua transmissão para todo mundo ouvir!
Boa Sorte!

Requisitos de Hardware:


Lembramos que os softwares de encoder e o servidor podem rodar na mesma máquina. Se for o seu caso, utilize uma máquina que seja superior tanto como encoder quanto como servidor.
Abordaremos somente os pré-requisitos necessários para um PC ou compatível, mas grande parte, senão todo este Manual pode ser aproveitado para outras plataformas (como Macintosh, Sparc, Alpha, etc), desde que não rodem Windowz, claro :P
Para se fazer uma transmissão com qualidade média (24kpbs, 22050Hz, stereo) é necessário no mínimo:

  • Pentium 133MHz ou compatível
  • 24Mb de memória
  • Placa de som de 16 bits

É necessário também que a máquina tenha conectividade. Caso se queira transmitir para um servidor na internet, é altamente recomendado um conexão de banda larga, como ADSL, mas é possível fazer uma transmissão utilizando conexão discada (56kbps).

Transmissões low-fi e hi-fi


Se você possui internet banda larga, alguns programas permitirão que você faça mais de uma transmissão a partir do mesmo sinal de áudio, permitindo que você faça uma transmissão de alta qualidade (56kbps, por exemplo) para usuários de banda larga e outra com qualidade menor, digamos 24 ou 16kbps, para usuários de linha discada.

Montando seu estúdio


Você pode estar planejando colocar sua Rádio Livre ou Comunitária transmitindo também pela internet, pensando em apenas fazer transmissões caseiras ou querendo um verdadeiro estúdio de webrádio. Existem estúdios para todos os gostos e bolsos. Neste tópico vão algumas dicas de como ligar a aparelhagem já existente na sua rádio para transformá-la também numa rádio via internet.
O primeiro fator determinante nisso é a qual distância fica a conexão à internet do estúdio da sua rádio FM. Se no estúdio há conexão, então o problema está resolvido e você pode deixar o computador bem perto da mesa de som ou do mixer e aí você poderá tanto fazer transmissões pela internet quando baixar transmissões de outras rádios. Se a conexão fica longe do estúdio, a única possibilidade que você tem é captar sua transmissão FM com um receptor comum e inserí-la na entrada de sua placa de som para que ela possa ser veiculada na rede.
Outro fator é a capacidade da sua conexão. Muitas rádios encontram-se constantemente em dificuldades financeiras e não tem como pagar uma conexão de banda larga. Isso não é o fim da linha. Por preços mais em conta é possível fazer transmissões usando conexão discada (telefone) nos horários nos quais as tarifas são mais baratas. Não importa se sua rádio só tem transmissões pela net aos sábados à tarde, domingos ou madrugadas: o que importa é que ela faz transmissões.
Em seguida, você pode definir a quantidade de computadores que seu estúdio vai precisar. Com um computador mediano (Pentium II 233MHz, 64MB RAM) já dá para fazer tranquilamente a transmissão e em alguns casos (dependendo do programa de stream) tocar mp3 ao mesmo tempo. Se você conseguir um outro computador de menor capacidade (como um Pentium 133MHz, 32MB RAM) você terá mais liberdade ainda: no computador mais lento você roda o programa de stream e com o mais rápido você toca e edita áudio. Com três computadores então, você pode fazer transmitir pela internet, receber transmissões e ainda tocar mp3 ou ogg! É ainda possível ter apenas um computador com duas placas de som ligado à internet. Uma placa de som mandar áudio para a estação de rádio e outra recebe o áudio da estação para fazer a transmissão pela internet.
Abaixo colocaremos diagramas de tipos de estúdio que você pode montar.



O esquema mais batato



O esquema com internet longe do estúdio.



O esquema "remediado", com internet no estúdio


esquemacaro.jpg

Um esquema caro, com dois computadores.



O esquema inteligente, com apenas um computador com duas placas de som e internet no estúdio.

Ligando o cabo de áudio na sua placa de som


Não importa como será a montagem do seu estúdio, você terá que ligar seu mixer, seu aparelho de som ou apenas um microfone na entrada de áudio da placa de som. Olhando atrás do seu computador, você deverá ver pequenas entradas circulares, normalmente coloridas:


soundcard.jpg

fonte: http://walnutdesign.com/support/audio-help/soundcard.htm

Se você viu algo do tipo, é a sua placa de som. Na foto, o buraco azul é onde você colocará o sinal a ser transmitido e no buraco verde (saída sem amplificação) ou preto (saída amplificada) você ligará suas caixas de som.
Agora vamos às ligações. Existem três tipos de plugues que você precisa conhecer:


mini.jpg

Plugue P2 ("Bananinha")
phono.jpg
Plugue P10 ("Banana" ou "Universal")
rca.jpg
Plugue RCA
fonte: http://ansel.his.duq.edu/mm579/
As entradas e saídas da sua placa de som são do tamanho P2, então é esse tipo de cabo que você vai precisar (P2 stereo). Mas pode acontecer que a saída do seu aparelho de som, do seu mixer ou do microfone não seja P2. Saídas de mixer costumam ser RCA e então você precisará comprar ou montar um adaptador ou cabo híbrido. Utilize sempre cabos stereo mesmo que sua transmissão pela web seja mono. Cabos stereo são aqueles com duas borrachinhas ao redor da parte metálica. Cabos monofônicos possuem apenas uma borrachinha ao redor da parte metálica.
ATENÇÃO: jamais ligue a saída de um amplificador na sua placa de som, isso poderá danificá-la.

Softwares de transmissão


Antes de começar essa seção, é bom esclarecer logo de cara que atualmente não existe o software ideal de transmissão de áudio pela internet. Nenhum deles reúne todas as opções disponíveis, o que um faz outro não faz. A seguir falaremos de cada um desses softwares, suas características e limitações, para que você possa escolher o que é melhor para sua rádio. Na dúvida, instale todos esses programas ou peça para alguém que entenda do assunto instalar para você. Nenhum desses programas ocupa muito espaço no computador e podem tranquilamente ficar instalados.
E antes de começar a testar esses programas, coloque um sinal na placa de som e experimente gravar algum áudio utilizando seu programa favorito. Aproveite para deixar os volumes regulados, utilizando para isso um mixer. Agora sim, vamos aos programas!

Usando o Linux


O Linux tem um bom suporte à tecnologia de streaming de áudio. Destacaremos aqui apenas qutaro programas diferentes para fazer sua estação: o Darkice, que será usado em conjunto com o Darksnow, o Oddcast e o MuSE.

Darkice / Darksnow

O Darksnow é de certa forma o software padrão do projeto radiolivre.org. Ele
funciona em conjunto com um dos melhores programas de transmissão de áudio, o Darkice.
O Darksnow cuida da configuração da sua rádio e o Darkice faz a transmissão. Para transmitir arquivos de
audio armazenados no seu computador, ou para mixar entradas da placa de som
com audio armazenados ou produzidos em tempo real no computador é necessário usar o
Jack.

Abaixo estão fotos do Darksnow em ação.



darksnow1.png

darksnow2.png

darksnow3.png

darksnow4.png

A instalação do darksnow é muito simples num sistema Debian. Basta que você baixe o pacote mantido por Alexandre Amorim da Rádio FACED e instale-o. Pra isso, abra um terminal e digite:

wget http://twiki.ufba.br/twiki/pub/RadioFACED/ComoFunciona/darksnow_0.5.2-1_i386.deb

su # em seguida digite sua senha de administador
apt-get update
apt-get install darkice
dpkg -i darksnow_0.5.2-1_i386.deb

Para iniciar o darksnow, basta executar o comando

darksnow


Darkice + Darksnow + Jack

O Jack é um servidor de áudio para a plataforma GNU/Linux que permite conectar diversas entradas de áudio com todas as saídas de áudio do seu computador. No Jack, as entradas e saídas não são apenas as disponíveis na sua placa de som, mas sim também as entradas e saídas de qualquer programa de áudio que possua suporte ao Jack. Desse modo, é possível com apenas uma placa de som transmitir mp3 do computador, a entrada de áudio da sua placa de som e ainda a saída de algum programa de sequenciamento de batidas, como o Hydrogen, por exemplo.
A instalação do Jack ainda não é uma tarefa muito simples, porém existem algumas distribuições de GNU/Linux que já vem com ele instalado e configurado, como o DeMuDi.
Para rodar o darksnow/darkice com o Jack e ter todos os benefícios associados à essa combinação, é necessario ter o
jack instalado, o qjackctl, o darkice 0.15 ou
superior compilado com suporte ao jack, e o darksnow 0.5.1 ou superior.
Para você poder transmitir audio de um arquivo do teu disco, é necessario que um programa de audio externo reproduza o arquivo e, através do jack ele
irá se conectar ao darksnow/darkice, portanto, instale pelo menos o plugin
xmms-jack, ou xmms-jackasyn para o xmms, por exemplo.



darksnow_jack-peq.png

Darksnow transmitindo a música do XMMS.

O único problema de fazer o streaming a partir do jack é que a transmissão deve usar o mesmo samplerate que o Jack está usando e a mesma razão de bits da placa de som.
Você encontra nestes endereços informações mais detalhadas de como instalar o Darksnow e o Darkice:http://darkice.sourceforge.net e http://darksnow.radiolivre.org

Oddcast




odd.png

odd3.png

odd2.png

odd1.png



MuSE

O MuSE - Multiple Stream Engine - é um software que essencialmente mistura até seis canais de áudio com regulagem de volume independente - tanto áudio da placa de som quanto mp3 e ogg ou até mesmo de outra webradio - e permite que o sinal resultante seja transmitido pela internet. O MuSE pode ser considerado um software muito promisso por causa de toda essa integração num único programa. Hoje ele ainda se encontra num estágio de desenvolvimento, o que deixa o MuSE um programa ainda muito instável, isto é, ele pode travar bastante. Mesmo assim encorajamos as pessoas a tentarem usar o MuSE.


muse.jpg


Usando o Windows


Para transmitir via Windows (argh!) você precisará do programa m3w ou do Winamp usado em conjunto com o Oddcast ou com o SHOUTcast.

Usando o m3w

1 - Baixe o m3w em http://www.informatik.fh-muenchen.de/%7Eruckert/m3w/ e instale-o.


Janela principal do m3w:
m3w1.png

2 - Abra o m3w e vá no menu Options - Soundcard e selecione sua placa de som como entrada de áudio

m3w2.png

3 - Vá no menu Options - Broadcast e preencha os campos conforme a outra imagem em anexo. No campo senha, digite a senha do servidor.

m3w3.png

4 - Faça o mesmo para Options - Encoder

m3w4.png

5 - Agora coloque algo para tocar: Vá em Options - Add Input e escolha um arquivo mp3 pra tocar.
5 - De volta à tela principal do programa, clique no ícone que é uma antena transmitindo ondas vermelhas. Isso fará com que o programa conecte-se ao servidor.
6 - Quando o programa estiver conectado (vide barra de status na parte de baixo da janela), clique no botão Play da seção Soundcard. Isso fará com que o áudio da sua placa de som comece a ser enviado para o servidor.
OBSERVAÇÃO: O m3w é um ótimo programa e tem uma única limitação, que é a incapacidade de fazer o que chamamos de re-sampling de arquivos de áudio. Isso quer dizer que se você estiver fazendo uma transmissão a 16kbps mono e deseja tocar um arquivo de 192kbps stereo, o m3w simplismente vai ignorar sua configuração de 16kbps mono e irá transmitir a 192 ao invés de converter esse arquivo de áudio para um formato adequado. Por isso só recomendamos utilizar o m3w quando sua transmissão não usará arquivos mp3, mas apenas a entrada de sua placa de som. Se você quiser insistir, uma solução para contornar este problema é, antes de começar sua transmissão, selecionar previamente os arquivos de áudio a serem usados e convertê-los para o formato wav na taxa de amostragem e número de canais desejado (no nosso exemplo, 16kbps mono). Alternativamente você pode converter seus áudios originais em wav e logo em seguida codificá-los em mp3 na taxa de amostragem e número de canais desejado.

Oddcast no Windows

Um plugin é um pequeno programa ou acessório que, quando adicionado ao programa principal, possibilita este de executar algumas tarefas que ele não foi programado para fazê-las. Em especial, plugins para programas de áudio funcionam como sistemas de som. Você pode comprar um toca cds humilde e juntá-lo a um bom equalizador e a caixas de som e amplificadores, não pode? Com os plugins é a mesma coisa.
Existem dois plugins pro Winamp que fazem transmissão via internet: o SHOUTcast DSP e o Oddcast que transforma o Winamp, além de reprodutor, um cliente que envia o áudio para o servidor de stream.
Para instalar o Oddcast, siga as instruções:
1 - Primeiro baixe o LAME, software que faz mp3: http://www.mp3-tech.org/software/encoders/lamewin32.exe
2 - Para usar o Oddcast, baixe-o no endereço
http://www.oddsock.org/tools/oddcastv2_wa2/ e instale-o no mesmo diretório que o seu Winamp 2 está instalado (não use o Winamp 3!).
3 - Abra o menu de preferências do Winamp e selecione o plugin do oddcast.
4 - Abra as configuraçòes do Oddcast e configure sus três seções (geral, encoder e server).

SHOUTcast

Considerando que você esteja com o Winamp 2.x instalado, baixe o plugin SHOUTcast DSP a partir dehttp://www.shoutcast.com. Agora vamos executar o programa de instalação do SHOUTcast passo a passo:

  • Rode o programa de instalação do Plugin SHOUTcast DSP


  • Depois que o plugin foi instalado, abra o Winamp


  • Em seguida, entre na janela de Preferências digitando as teclas Ctrl e P.. Aparecerá a janela de Preferências.


  • Clique na seção DSP/Effect que está no painel esquerdo dessa janela.


  • Selecione o Plugin 8SHOUTcast Source DSP*. Quando você fizer isso, deverá aparecer uma janela com o nome SHOUTcast source.


  • Feche o menu de preferências do Winamp clicando no botão Close na janela de preferências.


  • Volte para a janela SHOUTcast source e clique na seção Input.


  • Clique na seção Input e certifique-se que o Input Device (Dispositivo de Entrada) correto esteja selecionado (normalmente é o próprio Winamp ou então a placa de som do seu computador).


  • Vá na seção Encoder, selecione Encoder 1 e selecione a taxa de bits (bitrate) apropriada. Normalmente16 ou 24 kbps são bons valores. As opções para uma transmissão mono estão abaixo das de estéreo.


  • Clique na seção Output e então selecione Output 1.


  • Clique no botão Connection para entrar com as informações sobre o servidor de webradio no qual você irá se conectar. Preencha os campos AddressPort numberPassword e selecione Encoder 1.


  • Opcionalmente, selecione o campo Automatic Reconnection on Connection Failure, para que a transmissão seja automaticamente estabelecida caso ela tenha sido quebrada.


  • Clique no botão Yellowpages e entre com a descrição da sua transmissão. Nesses campos você pode colocar qualquer coisa, como o nome da sua rádio, etc.


  • Se você quiser que o SHOUTcast conecte ao servidor quando o Winamp é iniciado, selecione a opçãoConnect at Startup.


  • Pronto, agora é só clicar em Connect que a transmissão deverá começar!


Durante a sua transmissão


Quando você iniciar a transmissão, entre nalgum bate-papo, como por exemplo bate-papo do CMI, e peça pra alguém testar pra você. Pergunte qual música a pessoa está ouvindo, pois geralmente quando a transmissão não funciona os clientes são redirecionados pra próxima que esteja na mesma porta. Pergunte também se o volume, equalização, ganho, etc estão ok. Se você não puder entrar no bate-papo, peça para alguém tentar escutar a transmissão a partir de outro computador.

Montando um servidor de Webradio


Muito provavelmente você procura por um servidor de webradio para usar na sua transmissão e apesar de fazer uma busca não encontrou muita coisa. Realmente existem muitos servidores desse tipo, quase nenhum deles oferecendo serviço gratuito de transmissão.
A solução, no seu caso, é rodar um servidor na sua conexão com a internet ou então rodar vários servidores em várias conexões com a internet diferentes e juntá-los numa mesma rede, possibilitando que mais ouvintes consigam acessar seu sinal. Para isso, leia nosso guia Montando um Servidor de Webradio.

Maiores informações


Se você está com dúvidas ou dificuldades para fazer sua prórpia rádio, escreva para a lista de discussão do Coletivo Técnico do projeto http://www.radiolivre.orgtech@radiolivreSTOPSPAM.org.

Sobre este manual


Este manual foi escrito por Rhatto (rhatto em riseup.net) com a colaboração de Rafael Diniz (rafael em riseup.net). Os belos gráficos foram produzidos pela Erica ericapda em yahoo.com.br) e os desenhos à lápis são do Rhatto.


Copyright (c) Rizoma de Rádios Livres e autores/as acima citados/as. É garantida a permissão para copiar, distribuir e/ou modificar este documento sob os termos da Licença de Documentação Livre GNU (GNU Free Documentation License), Versão 1.2 ou qualquer versão posterior publicada pela Free Software Foundation; sem Seções Invariantes, Textos de Capa Frontal, e sem Textos de Quarta Capa. Uma cópia da licença é incluída na seção intitulada "GNU Free Documentation License".


Referências / A escrever





AnexoTamanho
manual-webradios-1.65.pdf997.53 KB
manual-webradios-1.72.pdf881.5 KB
manual-webradios-1.75.pdf907.44 KB
manual-webradios-1.76.pdf772.48 KB

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