segunda-feira, 19 de março de 2012

Bunkai – Continuação

Bunkai – Continuação

Existe uma tendência para definir o Karate como “caminho das mãos vazias” numa perspectiva etimológica. Atendendo ao conteúdo da atividade, a definição far-se-á pela eficácia (resultado) da técnica aplicada num determinado contexto tático.
Tendência também para definir o Kata como a “essência” do Karate.
Mas deveremos questionar se não serão demasiado superficiais estas questões.
Em primeiro lugar, porque encarando o Karate como um conjunto de técnicas que, se dirigidas a pontos vitais, poderão ser letais, a segurança e a integridade do parceiro de treino ou do adversário são fundamentais. Por isso mesmo a ênfase dada ao “controle” no treino e na competição.
Quanto à essência do Karate, parece-me que não será de colocar a tônica na Kata mas sim no seu Bunkai. As inúmeras “técnicas escondidas” na Kata só se revelam no seu Bunkai, e este é de tal modo relevante que a própria competição por equipes acabou por o adotar. ( Vale Ressaltar que existem diferenças nos bunkai do Karate Marcial e do Karate Esportivo.)
Cada Kata possui seu Bunkai Oyo, conhecido da maior parte dos treinadores e dos praticantes que, de fato, introduzem esta dimensão do seu próprio ensino e treino, como forma de melhor compreenderem o Kata, fazendo assim a sua análise e o seu estudo, pois esta não é uma mera coreografia – como pode parecer aos olhos do leigo – mas sim a representação de um combate real contra um ou mais adversários imaginários situados nos planos anterior, posterior e laterais mas que podem se deslocar hipoteticamente para planos diagonais.
Mas a partir do inicial Bunkai Oyo desenvolve-se um processo de revelação da aplicação prática da “técnica escondida” e um outro de criação quando existe pesquisa e investigação que nos levam a outras formas de Bunkai do mesmo Kata mais evoluídas, mais elaboradas e mais “eficazes” com o devido “respeito”, pois a Bunkai é uma prática biunívoca.
Conclui-se então que o treino de Kata sem treino de Bunkai é incompleto, o que acaba por diminuir a “eficácia” do Karaté reduzindo a sua “essência”.

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